A minha vida é feita de recordações gustativas. Vivi sempre rodeada de boas cozinheiras.
Pelo lado materno, tinha a minha avó, de quem herdei o nome e a paixão pela cozinha, que fazia pratos deliciosos, festas magníficas e me ensinou a ser independente e lutar por aquilo que queria. Ainda é viva, com os seus 95 anos e está perfeitamente lúcida, com um sentido de humor bastante mordaz e um sentido crítico aguçadíssimo. Continua a ser uma mulher linda e com muito génio, como sempre teve.
Do meu lado paterno existia a Rosa, que trabalhava em casa dos meus avós e que cozinhava tãaaaaaaaao bem. Sempre que chegávamos à quinta, perto de Guimarães, ela tinha à nossa espera sopa de couves e feijão ( que o meu avô temperava com um bocadinho de vinho tinto), arroz de cabidela e leite creme, que ela fazia com farinha de trigo e guardava num armário ao fundo do corredor. Foi ela que me ensinou a fazer a tarte de maçã, cuja receita está aqui no blog.
Eu continuo a ser uma pessoa de família e de recordações. Adoro estar rodeada pela minha família, que são as minhas raízes e as minhas memórias. Tenho uma relação muito especial com os meus irmãos ( são 4 ) mas 2 deles, o Pedro e a Susana, que fazem uma diferença de idade muito pequena para mim, são-me muito chegados. Vêm almoçar a minha casa todos os dias, porque gosto de os ter por perto e saber que estão bem. Sou uma espécie de irmã galinha. Adoro-os com toda a força, apesar de serem tão diferentes um do outro. Eles são as únicas pessoas no mundo que viveram experiências pelas quais passei, que sentem o mesmo em relação a pessoas e situações da nossa vida. São as minhas memórias.
Muitas vezes, gostamos de falar das coisas que comíamos em criança e até vamos a um restaurante aqui no Porto, a Casa Nanda, onde se come uma cozinha muito parecida com a que comíamos em casa da minha avó.
Ontem, servi um prato que nos remeteu para 30 anos atrás: farinha de pau com pescada frita.
Para quem não sabe, a farinha de pau é farinha de mandioca, com que se faz uma espécie de papa, aromatizada de peixe, bacalhau, tomate ou frango.
Vou explicar-vos como o fez a minha querida Céu, que trabalha cá em casa e é uma cozinheira excepcional ( entre muitos outros atributos ).
Começou por cozer a cabeça das pescadas, guardando o resto do peixe para fritar em postas. Desta forma, não houve desperdícios.
Quando a cabeça estava fria, retirou toda a carne e reservou.
Num tacho, fez um estrugido com cebola e azeite e deixou a cebola alourar bem. Juntou-lhe um pouco de água e deixou ferver. Adicionou um tomate bem maduro, sem pele nem sementes, cortado aos cubos e deixou refogar em lume brando.
Entretanto, numa taça, colocou uma colher de sopa de farinha de mandioca por pessoa e cobriu com água para humedecer. Desta forma, evita os grumos, que por vezes se criam quando se deita a farinha em chuveiro na calda a ferver.
Quando a farinha estiver húmida, junta-se ao refogado, acrescenta-se sal e a água fria necessária para ficar bem cremosa. Deixa-se cozer cerca de 10 minutos, mexendo sempre. No final, acrescenta-se a pescada cozida e mexe-se, para a desfazer.
Luísa como eu detestava a farinha de pau quando era miúda,...
ResponderEliminarBeijinhos,
Espero por ti em:
http://strawberrycandymoreira.blogspot.pt/
www.facebook.com/omeurefugioculinario
Experimenta esta receita. Os nossos gostos mudam com a idade
EliminarLuísa, adoro farinha de pau e também me lembra a minha infância. Obrigada pela partilha! :)
ResponderEliminarEu quando era criança não gostava de farinha de pau mas como concordo contigo que os nossos gostos mudam com a idade.
ResponderEliminarAntes havia tanta coisa que nem gostava de comer e agora delicio me com aquele prato ou alimento.
Gostei da receita. :-)
Beijinhos,
Clarinha
http://receitasetruquesdaclarinha.blogspot.pt/2015/03/quinze-dias-com-pierre-herme-e-um-crepe.html
Boa noite, Luísa. A minha mãe há muito que falava na farinha de pau. E eu, como adoro aveia e mexidos, resolvi comprar e fazer de acordo com as suas instruções. Ficou muito boa. Bem haja por se dar ao trabalho de partilhar o seu saber culinário e ressuscitar algo que fez parte do quotidiano de gerações anteriores à minha. :) carla pires, braga
ResponderEliminarOlá Luísa,
ResponderEliminarSó descobri este blog agora, mas já ando a navegar nas receitas, pois também me trazem recordações da minha infância, nomeadamente os pormenores relacionados com o Porto!
Neste texto introdutório fala em algo de que eu adorava ter a receita "antiga", a sopa de couves e feijão! Se a puder partilhar connosco, pela minha parte, ficar-lhe-ia muito grata.
Alcina
Ola Luísa, a minha mãe também faz a farinha de pau do mesmo jeito. Eu adorava e adoro ainda hoje para mim é como e fosse uma sopa. Comia o tacho todo quando era pequena e vou voltar a repetir, obrigada pela receita e pela recordação :).
ResponderEliminarDelícias infância Eu ainda faço com bacalhau, assim a introduzi a meu filho.
ResponderEliminarOlá. Por acaso não tem a receita das bolinhas de farinha de pau?
ResponderEliminar